Sunday, October 08, 2006

Racismo

Encontrei uma preta
que estava a chorar
pedi-lhe uma lágrima
para a analisar.

Recolhi a lágrima
com todo o cuidado
num tubo de ensaio
bem esterilizado.

Olhai-a de um lado,
do outro e de frente:
tinha um ar de gota
muito transparente.

Mandei vir os ácidos,
as bases e os sais,
as drogas usadas
em casos que tais.

Ensaiei a frio,
experimentei ao lume,
de todas as vezes
deu-me o que é costume:

nem sinais de negro,
nem vestígios de ódio.
Água (quase tudo)
e cloreto de sódio.

(António Gedeão)

5 Comments:

At 1:29 PM, Anonymous Anonymous said...

é com muita pena que ainda exista gente a crer na existência de diferenças entre as cores da pele...!
é triste...talvez decandente também...=/
*

 
At 2:18 PM, Anonymous Anonymous said...

é pena haver aqueles k continuam a pensar k essa lágrima nunca seria igual a k nós choramos.

só espero k um dia possamos viver sem sequer haver a distinção da cor da pele de cada um!

post bonito!*

 
At 1:51 PM, Anonymous Anonymous said...

Bem já do suor dos pretos não se pode dizer o mesmo... (Temos de concordar que o suor dos pretos cheira muito pior que o dos brancos...)
Mas quanto às lágrimas nd contra o poema, apoiado!!

 
At 2:02 PM, Blogger DiOgO said...

Completamente por acaso, agora ao ler o post do david, vou transcrever um pouco da musica que estou a ouvir neste momento:
"5 da matina, já todos cominham para o mesmo enredo, porque nos suburbios o sol levanta-se sempre mais cedo. É um povo escravizado nesta sociedade de extremos, trabalham duas vezes mais e ganham duas vezes menos, sentes o cheiro intenso que esses homem trazem no sovaco.. porque não há desodorisante que abafe o suor do trabalho escravo."

 
At 6:02 PM, Anonymous Anonymous said...

Hum... Eu atribuiria o cheirinho do sovaco não só ao trabalho, mas também à impiesosa marca do povo sub-sariano, a inconfundivel "catinga".

 

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