Tuesday, April 10, 2007

Hip Hop

Hip Hop português rima com éme dê guês
Rima com a pronúncia que troca os vês pelos bês
Com dificuldades, com luta e com coragem
Com preconceitos contra nós como desvantagem
Com ritmo, com versos, com multiculturalidade
Rima com pioneiros de uma nova sonoridade
Rima com tudo, porque hip-hop somos nós
Ele é a nossa vida e nós somos a sua voz.

A edição desta semana da revista VISÃO reserva um grande destaque da sua rúbrica "cultura" para uma reportagem acerca do hip hop feito e cantado em português. Não fala da história desta cultura, que nasceu como se sabe do outro lado do atlântico, mas fala das principais figuras no panorama do hip hop nacional. Fala das pessoas, dos artistas e do caminho que levou esta arte desde o velhinho "Rapublica" (primeiro album, editado em 1994) até aos dias de hoje com grandes sucessos (até mesmo comerciais, apesar do grande paradoxo que isto representa) como "Entre(tanto)" de Sam The Kid ou "Serviço Público", o último album de Valete.
O texto refere-se em tons elogiosos - justíssimos, na minha opinião - que esta arte tem feito ao defender a cultura portuguesa, mais concretamente a música em português. Esse é, aliás, o tema de "Poetas de Karaoke", talvez o maior exito do hip hop nacional de sempre. O referido artigo, defende esta forma de arte com unhas e dentes, valoriza a sua crítica, a sua diversidade e multiculturalidade - no fundo defende a sua génese e todo o seu produto.
O que se passa é que a maior dificuldade que esta cultura tem tido de se enraizar - não só em Portugal, mas um pouco por todo o mundo - passa pela crítica da opinião pública a quem o faz - artistas não instruídos, que geralmente habitam em bairros sociais e um pouco à margem da sociedade. Esta é, com frontalidade, o protótipo de um cantor de hip hop (MC) para a maioria das pessoas. Mas esta defenição, na minha prespectiva, peca por "cega". Um artista jamais pode ver a sua arte julgada apartir das características e dos defeitos ou vitudes de quem a faz: a sua obra é uma coisa, é uma criação, é um retrato, o mundo real e o dia-a-dia de quem a faz é outra. No fundo acaba por ser a diferença entre o Sujeito Poético e o autor - pouco ou nada têm a ver um com o outro. Mas exemplos disso na nossa cultura temos inúmeros: Fernando Pessoa também escrevia embriagado e nunca ouvi referirem-se a ele como "bêbado", mas sim como "artista" (e muito justamente) considerado um dos maiores vultos da nossa literatura.
E, como conclusão, proponho a todos que ouçam uma música deste género musical - escrito e cantado na nossa língua - sintam a sua crítica, a sua alegria, raiva e tristeza. E já agora, ouçam outra vez.

1 Comments:

At 8:19 PM, Anonymous Anonymous said...

Adorei o teu blog, não tens a noção!! Está simplesmente fantástico mesmo! Aprecio as pessoas que gostam de escrever, acho que as pessoas que gostam de escrever e que escrevem muito são muito racionais!! Bem aqui fica um bejinhos bem grande..... Sara.H.

 

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