Wednesday, November 29, 2006

Por-do-sol

Hoje fui ver o por-do-sol. Fiz companhia a mim mesmo, o que já não é mau, e com um sorriso nos lábios, desci a rua, apertei o coração e fui ver o por do sol. Sentei-me calmamente, olhei para os transeuntes à minha volta, e concentrei-me no por-do-sol. Naquele momento, compreendi melhor Alberto Caeiro. Sei que é tarde, porque o teste de potuguês foi esta manhã, mas mais vale tarde que nunca. Aquele momento, era demasiado belo para percebe-lo. Os Homens descobriram que aquilo era derivado do movimento de rotação da Terra. Mas aquele momento era demasiado belo para se resumir num fenómeno da Física: aquilo é o por-do-sol. Limitei-me a absorver o que os meus sentidos captavam: uma luz intensa a desaparecer, lentamente, para dar lugar ao escuro, ao frio, ao vazio.
Levantei-me, agarrei em mim, e voltei a fazer companhia a mim próprio a subir a rua: o espectáculo já tinha terminado. Apertei ainda mais o coração, e pensei que tinha valido a pena estar ali a contemplar aquele momento, mas ainda bem que acabou. O que me motiva agora? Saber que amanha haverá outro por do sol.

Tuesday, November 28, 2006

"Díficil" de entender...





















Talvez por não saber falar de cor, Imaginei
Talvez por saber o que não será melhor, Aproximei
Meu corpo é o teu corpo o desejo entregue a nós
Sei lá eu o que queres dizer, Despedir-me de ti
Adeus um dia voltarei a ser feliz


Eu já não sei se sei o que é sentir o teu amor,
não sei, o que é sentir, se por falar falei
Pensei que se falasse era fácil de entender

Talvez por não saber falar de cor, Imaginei
Triste é o virar de costas, o último adeus
Sabe Deus o que quero dizer


Obrigado por saberes cuidar de mim,
Tratar de mim, olhar para mim, escutar quem sou,
e se ao menos tudo fosse igual a ti



Eu já não sei se sei o que é sentir o teu amor,
não sei o que é sentir, se por falar falei
Pensei que se falasse era fácil de entender


É o amor, que chega ao fim,
um final assim,assim é mais fácil de entender

Eu já não sei se sei o que é sentir o teu amor,
não sei o que é sentir, se por falar falei
Pensei que se falasse era fácil de entender!






The gift











Obrigado aos "The gift" por esta excelente música. É a música principal do mais recente album desta banda, com o mesmo nome "Fácil de Entender". não tive oportunidade ainda de ouvir as outras, mas só por esta vale a pena comprar. Para ouvir até riscar o cd.

Saturday, November 25, 2006

Pequena Dor

a tua pequena dor
quase nem sequer te dói
é só um ligeiro ardor
que não mata mas que mói
é uma dor pequenina
quase como se não fosse
é como uma tangerina
tem um sumo agridoce

de onde vem essa dor
se a causa não se vê
se não é por desamor
então é uma dor de quê?
não exponhas essa dor
é preciosa é só tua
não a mostres tem pudor
é o lado oculto da lua

não é vicío nem custume
deve ser inquietação
não a nada que a arrume
dentro do teu coração
talvez seja a dor de ser
só a sente quem a tem
ou será a dor de ver?
a dor de ir mais além...

certo é ser a dor de quem
não se dá por satisfeito
não a mates guarda-a bem,
guardada no fundo do peito!



É linda esta música dos cabeças no ar, não é?

Felicidade


O alcance da felicidade é uma utopia, que de certa forma nos alimenta. De outra forma, a vida perderia o seu sentido.

Como diria António Lobo Antunes, para ser feliz teria de voltar à infância, pois aí o seu desconhecimento do mundo e a sua incapacidade de pensar o tornavam felizes. Ou como diria Cesário Verde "E se eu não morresse nunca! E eternamente buscasse e conseguisse a perfeição das coisas!" dá-nos a ideia clara de que a perfeição é, por sí só, inatingível. É a procura de algo abstracto, sem definição certa, pois muda de pessoa para pessoa, acreditamos nós na nossa fé inabalável de a conseguir.

O pior de tudo isto, secalhar é pensar que a Felicidade diariamente acorda debaixo do nosso nariz, e está presente em tudo o que fazemos, mas discretamente para não ser apanhada. Talvez ela esteja mesmo naquele pequeno sorriso, naquela pequena palavra ou naquele grande momento. Talvez a ânsia de ver o grande, nos cegue do pequeno.

Podemos concluir que este cenário idílic nada mais é que um reflexo da nossa mente, de algo que talvez tenhamos dito em crianças, mas deixámos escapar, ironicamente por desconhecimento, por entre os dedos da nossa mão.




O meu texto de reflexão a Português.

Friday, November 17, 2006

Não me mintas

Eu queria unir as pedras desavindas
escoras do meu mundo movediço
aquelas duas pedras perfeitas e lindas
das quais eu nasci forte e inteiriço

Eu queria ter amarra nesse cais
para quando o mar ameaça a minha proa
E queria vencer todos os vendavais
que se erguem quando o diabo se assoa

Tu querias perceber os pássaros
Voar como o jardel sobre os centrais
Saber por que dão seda os casulos
Mas isso já eram sonhos a mais

Conta-me os teus truques e fintas
Será que os "Nikes" fazem voar
Diz-me o que sabes e não me mintas
ao menos em ti posso confiar

Agora diz-me agora o que aprendeste
De tanto saltar muros e fronteiras
Olha para mim e vê como cresceste
Com a força bruta das trepadeiras
Põe aqui a mão e sente o deserto

Cheio de culpas que não são minhas
E ainda que nada à volta bata certo
Juro ganhar o jogo sem espinhas
Tu querias perceber os pássaros
Voar como o jardel sobre os centrais
Saber por que dão seda os casulos
Mas isso já eram sonhos a mais



Aqui vos deixo uma das minhas músicas preferidas, do grande mestre, Rui Veloso.

Thursday, November 16, 2006

Obrigado, Saramago!





Faz hoje 84 anos que nasceu José Saramago.

E é uma homenagem mais que justa, a quem levou a nossa bandeira ao topo do mundo.

Obrigado, Saramago!

Monday, November 06, 2006

Halloween


Fantástico cartoon sobre o Halloween 2006, publicado no jornal norueguês Dagningen e reproduzido na edição desta semana da revista VISÃO.

Good luck

A noite fantástica de um feriado, servia de palco para o "Inferno" descer à Terra. Curiosamente, do outro lado da barricada, estavam os católicos da cidade de Glasgow, que tantos quilómetros tinham feito para apoiar os seus 11 rapazes. O ambiente à volta do estádio, digo-vos enquanto benfiquista, era mágico. Não por nós, mas por eles. Por todos.
No metro, o chão pegava-se aos pés, tal a quantidade de cerveja que durante as últimas horas tinha caído alí. Os cânticos, esses, só se ouviam na língua de shakespeare. Nunca tinha visto tamanha romaria de um equipa adversária, à minha "catedral".
Não me interessa quanto ficou, ou se jogámos bem ou mal. Interessa-me, isso sim, partilhar convosco o pensamento que me ocorreu, quando aos 90 minutos, a perder 3-0, os adeptos do celtic se levantam, e mostrando orgulhosamente os seus cachecóis, cantaram e apoiaram a sua equipa, mostrando a todos que estavão presentes naquele estádio para o que estavam ali. Os jogadores de ambas as equipas agradeceram aos adeptos dos dois clubes no final.
Porque eu nunca tinha visto nada assim, e porque quando saí daquele estádio, fiquei a gostar ainda mais um bocadinho de futebol. Porque, ao menos uma vez na vida, o que ficou para a história não foi o resultado. Porque apesar do meu cachecol vermelho, naquela noite de feriado, tornei-me também, adepto do celtic. Por eles.
E para me despedir, como fiz ao adepto do celtic que comigo trocou de camisola "Good luck" para o resto da competição, que afinal de contas, talvez nem seja o mais importante.